Às vésperas da COP30, os terreiros de Belém já sentem o impacto positivo da movimentação em torno do evento. Além do aumento na procura por banhos, perfumes e sabonetes espirituais, mães de santo e empreendedoras religiosas também enxergam o momento como oportunidade para reafirmar a importância da natureza dentro das tradições afro-brasileiras.

Na Casa de Mariana, dirigida por Mãe Sandra, na ilha de Caratateua, o ritmo de produção se intensificou nas últimas semanas. “Eu estou me preparando para a COP30, com sabonetes de descarga e perfumes atrativos. Quando minhas clientes viajam e não podem vir tomar o banho delas, elas levam o sabonete, levam o atrativo”, conta.

Os produtos, feitos artesanalmente, unem fé, saber ancestral e sustentabilidade. “É pequeno aqui, mas ele tem 70 ervas, é a fusão dele, que é para tudo”, explica Mãe Sandra sobre um dos perfumes mais procurados do seu terreiro.

Com o fluxo de visitantes que a COP30 deve atrair, a expectativa é de que a economia das ervas ganhe ainda mais força. “Vai dar sim, vai dar movimento. Mas nós temos que cuidar mais da nossa natureza, porque sem ela eu não posso fazer mais meus perfumes. Todos os meus produtos são à base de ervas”, reforça.

Com a COP30 colocando a pauta ambiental no centro das atenções, Mãe Sandra aproveita o momento para deixar um recado: “As ervas medicinais têm cura pra tudo. O que vai ser do ser humano sem uma árvore? Assim como a árvore morre nesse sol, nós vamos morrer também. Então vamos plantar, vamos preservar, vamos ver o que a gente pode fazer, unindo as mãos. Eu digo isso pra vocês, e vocês digam pra mais alguém, pra mais alguém dizer pra mais alguém. Precisamos arvorear, precisamos respirar”.

ASSISTA: